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Arquitetos: Aalva arquitetos
- Ano: 2022
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Fotografias:Isabela Ravagnani
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Fabricantes: Atelier Fernando Jaeger, BENJI HOME, Lumican, Mezas, Mosarte Revestimentos, REKA, Todos os Fogos
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto arquitetônico para intervenção de reforma do apartamento teve como partido a fluidez dos espaços de uso compartilhado e da valorização dos materiais brutos. Nesse sentido, foram adotados conceitos antagônicos a cada um dos temas despertados na abordagem projetual: decantação e homogeneização. A decantação em questão ocorreu substituindo o processo físico da sedimentação pela raspagem, mas obtendo a separação do três elementos – fases - da composição construtiva: piso, paredes e teto. Nessa estratificação, privilegiou-se a marcação do concreto existente nos planos horizontais, enquanto que a neutralidade dos eixos verticais das paredes foram estruturados pelo vão associado ao espaçamento entre alvenarias. Marca-se, assim, faixas cinzas e branca. Ao mesmo tempo, intercalam-se elementos expostos e revestidos.
Tido a distinção das “substâncias” elementares da estruturação do arquitetônica, o vácuo – espaço livre – seria então trabalhado de forma oposta, ou seja, pela mistura/integração entre os ambientes, ocasionada pela ausência de fechamentos. Assim, buscou-se a fluidez genérica sem a imputação de portas que o uso não determinasse a sua existência. Mais precisamente, a partir do acesso ao apartamento só ocorrem tais fechamentos para os quartos e banheiros, sendo todo o resto passível de diluição da circulação. Além da ausência de portas, a continuidade isonômica, quase irrestrita, dos materiais aplicados ao piso e ao teto reforçam esse caráter de homogeneidade dos distintos espaços. Assim, o principal serviço engendrado no apartamento foi, na verdade, de uma operação de desconstrução, ou melhor, a demolição de componentes que ou compartimentavam demais os espaços ou ocultavam superfícies de interesse arquitetônico. A remoção da parede divisória entre a cozinha e a sala cria uma fluidez espacial entre os ambientes. A continuidade das bancadas da ilha e da bancada molhada até a churrasqueira, amenizam a diferenciação do que é interno e externo, dando a sensação de que é tudo espaço de um mesmo uso (ou usos), além de diluir o efeito da permanência do fechamento entre as bancadas. Ao expor a laje de concreto, revelamos a verdadeira estrutura do edifício. O concreto bruto, com sua textura marcante e suas nuances sutis, demonstram efeitos permanentes das ações que a conceberam.
A marcenaria em madeira natural tipo compensado, dialoga harmoniosamente com o concreto, destacando os materiais em acabamento bruto e natural. Criando assim, um contraste suave entre o rústico e o polido. A presença discreta do piso em granilite funde-se ao cenário, proporcionando dois planos paralelos em cinza, piso e teto, sob mesma essência – cimento - que acabam ampliando ainda mais os espaços e valorizando tudo que acontece no seu centro. Nos banheiros, o piso de granilite também foi aplicado. Essa escolha não apenas unifica os espaços, mas também reforça a coesão visual e a praticidade em todo o apartamento. As luminárias lineares com luz de tonalidade quente e indireta projetadas na laje de concreto aparente dão o protagonismo à ela, mostrando ainda mais suas texturas, além de torna-se um elemento cênico para as dinâmicas de luz e sombra.